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ANDRÉ NEPOMUCENO
( BRASIL - BAHIA )
André Luiz Nepomuceno (Salvador, BA, 04-09-1962) cedo mudou-se para Sto. Amaro da Purificação, onde junto com o cheiro da terra queimada para o preparo da lavoura, a doçura do caldo de cana e o ardor da aguardente, recebeu a influência poética dos intelectuais no Colégio Teodoro Sampaio. Da família paterna herdou o gosto pelos livros, pelos romances épicos e pelas aventuras de cavalaria, que
TEMPOEMA - Antologia. Organizador: Goulart Gomes. Apresentação por Antônio Torres. São Paulo: João SCORTECCI EDITORA, 1995. 96 p. No. 10 912
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda.
CHOVE NA VIDA
Passa chuva, passa tempo
Passa dor que aflige o peito
Passa nuvem, passa vento
Só não passa de se esconder
Do medo de se molhar
Qual verdade a sofrer
Receio de se mostrar
Vai a vida, vai o tempo
Vida e tempo a passar
Só não passa esse momento
De sempre ter que acertar
No meio de tanto erro
Ou erro para aceitar
Erro, acerto, mudo
No tempo a caminhar
Nenhum caminho hoje é tudo
Nem tudo hoje é não errar
No erro a verdade cede
A vida permite errar
O erro é vida que pede
A permissão de acertar
Preciso dessa verdade
Para poder aceitar
Que o erro vivido agora
É a busca de não errar.
AMOR E VIDA
Ai! do amor nada se sabe, nada se sente,
É como gente a brincar com gente
Do coração tudo se sabe, quando se sente
Quando se ama, brinca contente
Tudo na vida vem do amor, sempre presente
É como tudo aqui e agora, ausente
Todo o amor vem da vida, quando vivente
Quando não ama, não vive, mente
Ah! essa vida... vida vivida sempre
Quando se ama, ama-se a vida
É como amar e viver eternamente
O amante procura o amor, o amor procura o vivente
Amar, viver... é busca vívida
Quando se acha, vida e amor, tudo se sente.
PEDAÇOS
Não posso deixar de sentir esperança
De ver-te onde mais eu preciso te ter
Não quero viver em sublimes lembranças
Lembranças sem vida não quero viver
Não fuja do peito que quer te aninhar
O ninho que outrora um dia aqueceu
Se a vida e o tempo não quer te mostrar
Te mostro na vida o que o tempo esqueceu
Não tema a vida, se estou a teu lado
Não tema meu mundo, pois ele é só teu
Pedaços de ti desprendidos eu cato
Juntando eu busco o que nunca foi meu
São pétalas de flor açoitadas ao vento
O vento que a vida um dia soprou
As lágrimas fluem dos olhos, de dentro
Em busca de um mar que se chama Amor
Não erga mais fossos, muralhas, castelos...
Não faça da vida um eterno combate
Não meça o tempo, pois somos eternos
Só deixe quem ama, ao teu lado, amar-te.
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